Fibromialgia

 


Fibromialgia


Características da dor, epidemiologia e causas


  • Você sabe em quem essa doença é mais comum?

  • Na sua experiência, o que uma pessoa com fibromialgia sente?

  • Como se faz o diagnóstico? O que parece fibromialgia e não é?

  • O diagnóstico da fibromialgia e de outras doenças que levam à condição de dor: existe relação?


Avaliação clínica:

O médico conversa, examina e faz o diagnóstico. É comum solicitar exames para descartar outros problemas. Todos os exames estão normais na Fibromialgia.


Fibromialgia: que doença é essa?

Trata-se de uma síndrome dolorosa crônica, muscular, que determina dor no corpo inteiro (dor difusa, cintura pra cima e pra baixo) e geralmente acomete mulheres (8-9 mulheres : 1 homem) em idade variada, mas preferencialmente entre 25-65 anos. Sua prevalência é em torno de 1% na população geral, sendo de 20-30% das causas de procura por um reumatologista no consultório. Apenas é superada, em frequência, pela osteoartrose.


Dor difusa peri-articular:

Os pacientes referem dor em torno das articulações que acomete geralmente o corpo inteiro, mas pode ser mais intensa em determinada região, como por exemplo, coluna ou membros


Fadiga:

Cansaço pela manhã, como uma fadiga matinal, ou que acompanha todo o dia. Não é um cansaço respiratório, é muscular. Pode estar relacionada ao exercício das tarefas do lar ou do trabalho fora de casa. Os pacientes muitas vezes necessitam fazer pausas entre as atividades diárias para descansar. Em algumas situações, pode ser mais incômoda do que a dor e sobressair-se no quadro clínico.


Sono não-reparador:

Transtorno do sono bastante comum que pode apresentar-se de várias formas: dificuldade para dormir (“pegar no sono”) – sono interrompido durante a noite – despertar precoce, etc. Na maioria das vezes os pacientes relatam como insônia. Outras vezes queixam-se de acordar como se não tivesse dormido, daí ser um sono que não repara o corpo do cansaço do dia anterior. Esses pacientes têm um sono mais superficial. 


Ansiedade /Depressão:

A maioria dos pacientes relata sofrimento emocional. Este quadro é variado e pode ser referido como “nervoso e muita ansiedade”, “tristeza profunda, falta de ânimo e de sentido na vida”. Quanto à socialização, é comum referirem grande dificuldade nos relacionamentos. Na escuta clínica, quando os escutamos com tempo para ouvir, é comum surgirem histórias de perdas afetivas por morte ou separação entre os pacientes e membros da família e/ou histórias de grandes frustrações.

Acredita-se que muitos pacientes, não só os fibromiálgicos, apresentem, enquanto sujeitos, uma dificuldade para simbolizar suas vivências psíquicas. Parece que boa parte desses só consegue traduzir seus sintomas (desconfortos, desprazeres, frustrações) através de manifestações corporais. Sem que percebam e não por obra da vontade, o corpo é um meio de comunicar ao mundo e a eles próprios a forma de uma outra dor. 


Conceito de Fibromialgia pelo ACR (Colégio Americano de Reumatologia), 1990:

Presença de dor generalizada, por mais de 3 meses, acima, abaixo da cintura e na coluna + presença de 11 de 18 pontos dolorosos pesquisados na consulta com o médico + problemas com o sono e fadiga (cansaço). Na atualização desse critério pode haver fibromialgia com menos de 11 pontos dolorosos (tender points). Para isso é necessário a presença de alteração do sono e fadiga.


Hoje se sabe que a fibromialgia, assim como outras causas de dor crônica, se trata de uma síndrome de amplificação dolorosa. Importante: essa amplificação significa que o paciente sente e percebe mais dor do que outras pessoas, por uma alteração na sua função cerebral ligada à dor, por uma série de fatores, dentre esses, traumas psicológicos. Não é voluntário, não é simulação e não é pra chamar atenção. É uma relação entre o cérebro, o sistema hormonal e o psiquismo. A dor é real. Mas não há lesão.


Exame clínico e físico:

Em relação aos exames de laboratório (sangue, urina ou qualquer outra dosagem) e aos exames de imagem (raio x, tomografia ou ressonância) nada é encontrado, nenhuma anormalidade. Quando esses exames mostram algum problema, este problema não é decorrente da fibromialgia. Por exemplo: raio x de joelho com sinais de desgaste, ou raio x de coluna com “bico de papagaio” (osteófito) essas alterações são da artrose que pode estar presente também, e não da fibromialgia. 

A fibromialgia não aparece nos exames. Todas as alterações, inclusive de substâncias cerebrais relatadas nas pesquisas, só aparecem em resultados de exames para estudo, não naqueles solicitados na rotina médica. 

O diagnóstico se faz na consulta médica pela anamnese que evidencia: a dor, o sono não reparador, a fadiga, os pontos dolorosos e a riqueza do quadro emocional. 


Na inspeção percebemos em muitos um sofrimento no rosto, fácies de dor. À palpação é importante o encontro de 11 pontos dolorosos (ACR 1990), dentre 18 pontos previamente determinados para pesquisa de dor. (TP = tender points). Os pontos estão localizados na região próximo à coluna (nuca, pescoço e dorso) nos ombros, tórax anterior, cotovelos, glúteos, lateral das coxas e joelhos. Hoje sabemos que nem todos os 11 pontos dolorosos podem estar presentes!!!!


O restante do exame físico desses pacientes é normal. Não há sinais de inflamação nas articulações ou edema, embora o paciente possa apresentar sensação de inchaço.  Não há sinais de lesões. O exame neurológico é normal. Quando não há achados médicos que justifiquem a dor difusa podemos classificar a Fibromialgia como Primária. 


Comorbidades:

No entanto é importante lembrar que em muitas situações a fibromialgia pode acontecer junto a outras doenças que, por si só, trazem alterações no corpo e no exame físico. Por exemplo: um paciente com artrite reumatoide que apresenta edema e calor nos punhos e tornozelos e tem dor difusa, insônia e 14 pontos dolorosos (TP) palpáveis no exame físico, tem artrite reumatoide em atividade (quadro inflamatório nas juntas) e fibromialgia. Para melhorar sua condição global de saúde deve ser tratada para as duas situações. O médico encontrará alterações nos exames devido à artrite.

Nesse caso a classificamos como Fibromialgia Secundária.


Diálogo com o médico: é importante o médico que trata de outras doenças, que não a fibromialgia, ter conhecimento sobre este diagnóstico para poder adotar uma conduta mais adequada. No trabalho com estes pacientes observamos casos em que os médicos optam pela diminuição do uso de certas classes de medicamentos e até mesmo eliminam indicações cirúrgicas.


O que parece Fibromialgia e não é?

São as outras doenças com dor generalizada ou cansaço ou problemas pra dormir ou problemas emocionais. Ex: doenças musculares – hipotireoidismo – síndrome da fadiga crônica – enxaquecas – depressão – transtorno do sono – apneia do sono – outras causas de fadiga.


Tratamento:

Os protocolos modernos de tratamento para fibromialgia sugerem uma série de ações importantes que devem e podem ser incluídas, além do tratamento medicamentoso (quando este se faz necessário):

  • Programas educacionais sobre a doença

  • Psicoterapia

  • Terapia corpo-mente (relaxamentos, ginásticas, meditação, etc)

  • Atividade física regular

  • Medicina alternativa (acupuntura)


A atividade física regular: é muito importante para todos os pacientes que não tenham contraindicação para o exercício físico. É importante iniciar e manter o hábito, deixando o sedentarismo de lado.


Sugestões

  • caminhadas diárias, no plano, por 40 minutos. Iniciar sempre lentamente 3x por semana 10-20 minutos em pacientes com dores provocadas pelo exercício

  • hidroginástica

  • alongamento (inúmeras modalidades)

  • ou combinação entre essas modalidades


CARLA SOLANGE GOMES

Especialista em Psicologia Hospitalar e da SaúdeCRP 06/85.925

www.csgpsicologia.com



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